É profissional de educação e formação? Está a prestar à sua voz a atenção que ela precisa?
Em contexto educativo/ formativo, a voz é uma ferramenta de comunicação fundamental: transmite conteúdos, expressa emoções, alimenta a relação pedagógica e contribui para o envolvimento dos participantes.
Apesar da sua inegável importância, é frequente vermos profissionais de educação e formação negligenciarem os cuidados com a sua voz. Ao sujeitarem-se a esforços excessivos ou ambientes desfavoráveis contribuem para o aparecimento de disfonias, fadiga vocal e outros problemas que comprometem a eficácia pedagógica.
Partilhamos algumas orientações técnicas e boas práticas, organizadas a partir de materiais especializados em treino vocal, para promover uma utilização mais consciente, saudável e eficaz da voz por parte de quem trabalha em educação e formação.
Porquê cuidar da voz?
A voz é um recurso vocal-muscular complexo que depende de uma articulação coordenada entre o sistema respiratório, as pregas vocais e os ressoadores (cavidades nasal, oral e torácica). Um uso inadequado da voz pode originar alterações funcionais (como rouquidão ou perda de voz) e até lesões estruturais (como nódulos vocais). Para profissionais cuja atividade envolve longos períodos de discurso oral — como formadores, professores, oradores, etc. — a preservação da saúde vocal é parte integrante de uma prática profissional responsável.
Fatores de risco vocais na prática pedagógica
É frequente encontrar contextos educativos e formativos que incluem fatores prejudiciais para saúde vocal, a saber:
- Salas com acústica deficiente ou ruído ambiente;
- Má ventilação ou ar condicionado excessivo;
- Aulas/ sessões online, que exigem projeção vocal sem retorno auditivo adequado;
- Esforço vocal prolongado sem pausas;
- Ansiedade, stress e fadiga física, que aumentam a tensão muscular e afetam o suporte respiratório.
A tudo isto somam-se hábitos vocais prejudiciais e estilos de vida que desconsideram a voz como parte do autocuidado profissional.
O que fazer para cuidar da voz
- Hidratar regularmente – Beba pelo menos 1,5 L de água por dia.
- Manter uma boa postura física – Uma postura alinhada favorece a produção vocal.
- Falar pausadamente e sem esforço – Evite gritar ou forçar a voz.
- Fazer aquecimento vocal – Antes de sessões longas, tal como um atleta aquece antes de competir.
- Reduzir o stress – A tensão muscular influencia diretamente a qualidade vocal.
- Dormir bem – O descanso afeta a energia e, com ela, a projeção vocal.
O que evitar a todo o custo
- Pigarrear ou tossir frequentemente – Agride as pregas vocais.
- Ambientes com mudanças bruscas de temperatura – Proteja a sua garganta.
- Falar quando está doente – Dê descanso à sua voz.
- Refluxo gástrico – Atenção à alimentação, sobretudo antes de dormir.
Exercícios para preparar a voz
Uma rotina de aquecimento vocal pode fazer toda a diferença. Eis alguns exercícios simples:
- Movimentos cervicais e rotação de ombros, para aliviar tensões;
- Exercícios de inspiração profunda e controlo da expiração (e.g., “ssss”, “ffff”; “zzzz”);
- Vibração labial ou lingual (como um som “br” ou “tr” prolongado);
- Exercícios com palhinha ou som [b] prolongado, ideais para trabalhar a vibração das pregas vocais;
- Técnicas de respiração e de fala em escalas, para controlar melhor o fluxo de ar e a ressonância da voz.
Estes exercícios devem ser feitos em pé, em frente ao espelho, com postura correta e pausas para beber água. Não se esqueça: tal como qualquer músculo, a voz precisa de treino e descanso.
Quando procurar ajuda especializada?
Se sentir:
- Rouquidão persistente por mais de duas semanas;
- Dor ou ardor ao falar;
- Necessidade constante de pigarrear;
- Cansaço vocal no início das sessões;
- Variações bruscas da voz sem motivo aparente.
Deve procurar um/a profissional de saúde especializado/a (e.g., terapeuta da fala). Em muitos casos, a intervenção precoce evita situações de maior gravidade.
O/a profissional de educação e formação não comunica apenas com palavras — comunica com o tom, a modulação, o ritmo, a entoação e a intenção. Por isso, cuidar da voz é também cuidar da qualidade do processo de aprendizagem.
Tal como investe na sua formação técnica e pedagógica, reserve tempo e atenção à preparação vocal. O resultado será uma comunicação mais eficaz, uma presença mais segura e uma maior longevidade na sua prática profissional.
Vamos a isso?
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