Será o Dia das Mentiras o dia mais engraçado do ano?
Este é um dia celebrado há séculos – julga-se que terá começado a ser celebrado por volta do século XVI, entre partidas inglesas e francesas. Certo é que a sua origem permanece um mistério.
Na verdade, o dia das mentiras pode ser um dia extraordinário para libertar e reinventar o nosso ser mais infantil, permitindo-nos aligeirar tempos mais sérios. Pregar partidas boas – que não causem sofrimento nos demais – pode até ser uma forma de suavizar tensões e fortalecer a socialização.
Por outro lado (e no que é o real interesse deste artigo), podemos utilizar esta oportunidade para lidar pedagogicamente com coisas mais sérias: as mentiras dos mais pequenos. Quem lida diariamente com crianças sabe que – mais tarde ou mais cedo – a mentira vai fazer parte do nosso contexto relacional.
Mas o que fazer com as mentiras das crianças? É fundamental entendê-las como uma normalidade (uma experimentação), não deixando de agir da forma mais adequada. A partir dos 3 anos, é natural que as crianças experimentem a mentira e a desonestidade – o que, regra geral, não é motivo para alarmismos.
Deixamos algumas ideias para lidar com este desafio:
1. Servir de modelo e dizer sempre a verdade.
As crianças são verdadeiras esponjas e os seus olhos e ouvidos estão sempre alerta, prontos a apanhar tudo à sua volta. Assim, a melhor forma de lidarmos com as eventuais mentiras das nossas crianças é mesmo mantermos a nossa integridade. Não mentir e manter sempre a nossa palavra são segredos extraordinários no acompanhamento de crianças emocionalmente sãs.
2. Estabelecer regras sobre dizer a verdade.
Na maioria das vezes, as crianças começam a mentir para fugirem das consequências dos seus comportamentos. É muito importante que existam regras familiares sobre este assunto, que abrangem toda a família de igual modo.
3. Falar sobre o que significa ser honesto/a ou dizer uma mentira, desde cedo.
Mesmo as crianças mais pequenas precisam de modelos positivos e que lhes permitam compreender a distinção entre estes dois conceitos antagónicos.
Ao apresentarmos a mentira como um erro, podemos reforçar a aprendizagem da distinção entre o certo e o errado – potenciando, assim, a tomada de melhores decisões no futuro.
4. Ajudar a criança mostrar-nos a verdade, permitindo que mantenha a compostura.
Não há necessidade de fazermos perguntas para as quais já conhecemos as respostas. Se reforçarmos essas questões, estaremos também a provocar a continuidade da mentira e aumento das tensões. Fará mais sentido questionar as formas de resolver o problema que temos à frente, procurando fazer parte da solução e potenciando um momento de aprendizagem positivo.
5. Descobrir a razão da mentira, focando nas emoções.
Quando a criança mente, existem emoções que precisam de atenção: o medo das consequências, o sentimento de culpa, a desilusão. Por isso, é fundamental percebermos porque mentiu a criança e, em conformidade, ajudá-la a gerir todas as emoções que lhe estão associadas. Nestas situações, é muito significativo distinguir a criança do seu comportamento: apesar de não podermos aceitar a mentira, é importante mostrarmos à criança que continuamos a gostar dela exatamente da mesma forma.
6. Recompensar a honestidade.
Os reforços positivos são valiosas ferramentas que temos à nossa disposição para questões como estas. Sempre que possível, podemos elogiar os comportamentos acertados e recompensar (mesmo que com um simples gesto) a honestidade.
Com a implementação destas pequenas ações conseguiremos transformar os nossos pequenos em pessoas honestas. Concorda?
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